Dados mostram crescimento de centros de distribuição e de galpões logísticos, ao lado da alta nas vendas digitais; especialista comenta cenário e perspectivas para o futuro do setor.
Durante a pandemia de Covid-19, o comércio eletrônico brasileiro registrou um faturamento recorde. Em 2021, a modalidade alcançou a receita de mais de R$ 161 bilhões, o que representa um crescimento de 26,9% em relação ao ano anterior, conforme levantamento da Neotrust, empresa responsável pelo monitoramento do e-commerce brasileiro. Já o número de pedidos, por sua vez, avançou 16,9%, com 353 milhões de entregas.
Diante de um cenário de crescente adesão às compras digitais, os varejistas brasileiros tiveram que rever suas estratégias para atender às necessidades dos consumidores. Neste ponto, os centros de distribuições ganharam a cena e o estoque de galpões logísticos no país também se ampliou, ao lado da grande demanda. De acordo com um balanço da SiiLA Brasil, empresa de pesquisa de mercado, 3,8 milhões de metros quadrados devem ser disponibilizados para locação no Brasil este ano.
A análise também informa que 54% dos espaços estão no estado de São Paulo, 13,5% em Minas Gerais e 9% no Rio de Janeiro. De forma síncrona, uma apuração da GloboNews aponta que 70% dos galpões logísticos estão em São Paulo – a grande maioria na região metropolitana, localidade de fácil acesso a aeroportos, portos e rodovias. Paralelamente, um estudo da Colliers International Brasil expôs que o comércio eletrônico e o varejo dominam o percentual de ocupação dos galpões logísticos no estado.
Na visão de Victor Simões, sócio-diretor da Cobervickas Estruturas Metálicas – empresa que atua com fabricação, instalação e montagem de estruturas metálicas -, o crescimento de centros de logística é decorrente da alta do e-commerce no Brasil nos últimos anos, durante o período de pandemia. Ele destaca que os negócios digitais se fortaleceram durante a crise sanitária, o que foi causado pelo aumento expressivo em vendas via internet, fazendo com que as empresas tivessem que investir em estrutura para atender à nova demanda.
“Além disso, o aumento no valor dos aluguéis e de imóveis, assim como a competitividade do setor, acabou fazendo com que as empresas repensassem sua estratégia e buscassem outras regiões, geralmente fora das grandes metrópoles, mas próximas a malhas rodoviárias. Com isso, a demanda por construção de novos galpões logísticos também cresceu”, explica o especialista.
Centros logísticos no futuro pós-pandemia
Victor acredita que o crescimento de centros de logística esteja apenas no começo, sendo um cenário promissor e com forte potencial. “A pandemia adiantou muito o processo de migração do hábito de comprar em lojas físicas para comprar on-line. As empresas tiveram – e continuam tendo – que se adaptar para atender a essa demanda crescente e bater de frente com novos competidores, já que agora a competição passou de regional para nacional. A compra via internet veio para ficar”.
O especialista afirma que o crescimento no número de galpões logísticos tem impactado as empresas que desenvolvem projetos customizados para galpões industriais, o que trouxe diversificação e inovação ao setor mediante a alta demanda.
“As empresas que trabalham com galpões multiuso, sobretudo em estruturas metálicas, tiveram um impacto positivo com o crescimento por sua versatilidade. Esses negócios têm usado todo o know-how adquirido para melhor atender esse mercado em expansão no Brasil e no mundo”, pontua. “Assim, surgem soluções cada vez mais racionalizadas, visando qualidade, prazo e economia de recursos – inclusive em áreas secundárias, como telhas, fôrmas de lajes e fechamentos laterais pré fabricados”.
O sócio-diretor da Cobervickas Estruturas Metálicas conta que as estruturas metálicas são sustentáveis, por serem recicláveis. “As estruturas aparafusadas são reutilizáveis, podendo ser desmontadas e montadas novamente em outro local. Estes são indicativos de que as empresas do setor vêm trabalhando para entregar soluções eficientes para atender às necessidades do mercado”.